novembro 11, 2005

65. Poema para a minha avó, que nasceu muito antes de inventarem a playstation, por Didas

Nesse tempo as ruas andavam cheias de chapéus com pessoas em baixo
E também havia bigodes que moravam nas caras dos homens.
Alguns pareciam hélices,
Outros asas.
Mas não voavam.

Os chapéus das mulheres dormiam muito em cima delas
Porque nunca tinham nada para fazer.
Os dos homens não, porque tinham que saltitar muitas vezes
Para dizer Bom Dia, Boa Tarde e Boa Noite.

Nesse tempo as pessoas ficavam perfiladas
Em frente a uma máquina
De onde saíam depois quietas e cinzentas.

Nesse tempo nasceu a minha avó.
E tiraram-lhe logo um retrato para ela ficar quieta e cinzenta.
Mas ela não ficou.

Johannes Kikorian


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