2. (sem título), de Fatyly
(...) Tudo isto...para te deixar a minha encenação que punha os actores malucos e sobretudo a sobreposição do antigo com o mais recente...já que foram os que me preencheram a alma.
Título não tem...os filmes não digo, mas descobrirão e se for preciso(...).
Título não tem...os filmes não digo, mas descobrirão e se for preciso(...).
De mãos crispadas no volante da sua Harley, olhar fixo na estrada seguia sem sentir a chuva que caía copiosamente. Na mente bailava aquele corpo que tão bem conhecia e que percorreu vezes sem fim! Um breve trejeito com o cruzar de outros faróis, transformou-se num sorriso ao lembrar-se da sua voz, das suas mãos, da sua boca.
Olhou o conta quilómetros e de novo agarrou-se à sua enorme vontade: tê-la de novo.
O dia despertava e a chuva parecia não incomodá-lo. Na mente o mesmo pensamento – ela, ela, ela e a interrogativa do sim? Ou não? Parou na berma da estrada. Aconchegou o blusão e de mãos nos bolsos deu alguns passos p’ra lá e p’ra cá...sim? ou não? Numa luta de dias, de horas!
Passou a mão pelo cabelo como saturado de tanta incerteza de sua autoria, quando a tinha deixado sem qualquer explicação. A chuva não lhe deu tréguas e deixando um trilho na lama... fez-se de novo à estrada.
Sete da manhã acordou com o toque do farol. Estava frio! Sabia que seria mais um dia de trabalho, mais um dia sem o ver, mais um dia preenchido pelo barulho infernal daquela fábrica! Puxou a t-shirt p’ra baixo. Enrolou os cabelos, prendeu-os com um lápis no mesmo ritual, sem tirar os olhos da janela. O mar estava crespado e a chuva caía. Saltou da cama e foi tomar um duche. A água do chuveiro aconchegou-a como tantas vezes o fez aninhada no corpo dele. Levantou o rosto e deixou que o chuveiro lhe lavasse a alma, de olhos semicerrados chorou. Fechou a torneira, enrolou-se na toalha e vestiu-se, sem parar de sentir o olhar atrevido mas tão meigo que vinha da cama, olhar que a intimidava mas que tanto amava.
Encostando-se à janela, trincou a torrada e sorveu a chávena de leite! Sabia que seria mais um dia de trabalho, mais um dia sem o ver! Foi trabalhar!
Já na fábrica, de macacão vestido e de boné vermelho, não sabia andar, saltitava! Sem mostrar a alma, mostrou o seu BOM DIA com quem se cruzava, como se o cumprimentasse a ele, só a ele e para ele.
Olhou o relógio, oito e trinta. Já estaria a trabalhar. Sim? Não?
Desligou a torneira, embrulhou-se no seu roupão branco e ainda quente voltou-se a meter na cama deitando-se de lado, com a cabeça apoiada na mão...como era linda até no dormir mas reparou nas lágrimas que caiam dos seus olhos. Meigamente puxou-a p’ra si, abraçou-a cruzando as suas mãos nas suas costas... não chores meu amor! Abriu os seus belos olhos castanhos, sorriu, passou-lhe a mão pela cara ainda húmida os dedos pelos cabelos grisalhos...e sussurrou...foi um pesadelo.
Então...”Dança comigo”...e a chuva tamborilando nos vidros da janela entoou a melodia dos seus corações como a dizer...um bom fim de semana!
FIM
Olhou o conta quilómetros e de novo agarrou-se à sua enorme vontade: tê-la de novo.
O dia despertava e a chuva parecia não incomodá-lo. Na mente o mesmo pensamento – ela, ela, ela e a interrogativa do sim? Ou não? Parou na berma da estrada. Aconchegou o blusão e de mãos nos bolsos deu alguns passos p’ra lá e p’ra cá...sim? ou não? Numa luta de dias, de horas!
Passou a mão pelo cabelo como saturado de tanta incerteza de sua autoria, quando a tinha deixado sem qualquer explicação. A chuva não lhe deu tréguas e deixando um trilho na lama... fez-se de novo à estrada.
Sete da manhã acordou com o toque do farol. Estava frio! Sabia que seria mais um dia de trabalho, mais um dia sem o ver, mais um dia preenchido pelo barulho infernal daquela fábrica! Puxou a t-shirt p’ra baixo. Enrolou os cabelos, prendeu-os com um lápis no mesmo ritual, sem tirar os olhos da janela. O mar estava crespado e a chuva caía. Saltou da cama e foi tomar um duche. A água do chuveiro aconchegou-a como tantas vezes o fez aninhada no corpo dele. Levantou o rosto e deixou que o chuveiro lhe lavasse a alma, de olhos semicerrados chorou. Fechou a torneira, enrolou-se na toalha e vestiu-se, sem parar de sentir o olhar atrevido mas tão meigo que vinha da cama, olhar que a intimidava mas que tanto amava.
Encostando-se à janela, trincou a torrada e sorveu a chávena de leite! Sabia que seria mais um dia de trabalho, mais um dia sem o ver! Foi trabalhar!
Já na fábrica, de macacão vestido e de boné vermelho, não sabia andar, saltitava! Sem mostrar a alma, mostrou o seu BOM DIA com quem se cruzava, como se o cumprimentasse a ele, só a ele e para ele.
Olhou o relógio, oito e trinta. Já estaria a trabalhar. Sim? Não?
Desligou a torneira, embrulhou-se no seu roupão branco e ainda quente voltou-se a meter na cama deitando-se de lado, com a cabeça apoiada na mão...como era linda até no dormir mas reparou nas lágrimas que caiam dos seus olhos. Meigamente puxou-a p’ra si, abraçou-a cruzando as suas mãos nas suas costas... não chores meu amor! Abriu os seus belos olhos castanhos, sorriu, passou-lhe a mão pela cara ainda húmida os dedos pelos cabelos grisalhos...e sussurrou...foi um pesadelo.
Então...”Dança comigo”...e a chuva tamborilando nos vidros da janela entoou a melodia dos seus corações como a dizer...um bom fim de semana!
FIM
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