julho 20, 2005

O Escritor continua a passear de blog em blog

(XIII) Aconteceu! O escritor famoso saiu da blogosfera (para logo voltar a entrar). Não resistiu e visitou o músico Joaquim Pavão. O resultado é espantoso, notas musicais foram transformadas em letras. Leiam este texto dedicado.

a Boris Vian

Vazio e generoso. Deu tanto e não ganhei nada. Tentei tocar-lhe na esperança de possuir algo mais do que a negação do ter. Ele sorria e entregava-me mais e mais. Cheio de tanto continuava a tentar o toque. A Albertina é uma rica senhora, descobriu que o volume 3 é parecido com o 24. Descobri que as diferenças e semelhanças são afinal maiores. Ele lá me ia dando algo mais. A Albertina cheirava mal dos sovacos porque poupava água não se lavando. Os ambientalistas agradecem até lhe conhecer e recebi mais nada. Era simpático, este generoso. -“Vendi uma primeira edição em cinco horas, deve ser um recorde” contava ele. Albertina não puxava o seu autoclismo para não deixar os sovacos invejosos. Tinha já o novo volume, o tão esperado 56 encomendado há 3 meses. Despedi-me dele e afastei-me sempre tentando o toque. Descobri que não se apalpam personagens. Quanto muito recebemos. A Albertina lê o vazio porque pior seria poupar tempo. Eu vou ler o volume 2. O primeiro recebi no encontro no supermercado. Duas lixadeiras e um estojo de beleza, ganha um livro e o direito a um autógrafo. O livro, o volume 2, o encontro, o volume 1 e a sua assinatura era bonita. Trabalhada a tal ponto que todas as letras desenhavam uma bonita imagem. A Albertina lia, eu fui tomar banho.

Joaquim Pavão



(XII) Antes que me deite, o escritor famoso, novamente:

Era um escritor famoso. antes de publicar.
Durante dez anos escreveu livros sem nunca pensar em publicá-los. Estipulou um horário, escrevia com método. Até ao dia em que entregou 23 originais de romances, poesia, teatro e até um ensaio. Nos dez anos que se seguiram as obras foram sendo editadas. Ele continuou a escrever mas com menor frequência. Um dia perguntaram-lhe porque guardara as obras. Ele respondeu. Para ser livre. E porque as revelara um dia? Para sobreviver. E agora que perdeu a liberdade, como sobrevive? Ele respondeu. Agora, o escritor famoso já não existe.

Lilly Rose



(XI) Santa Cita:

Era um escritor famoso. Quando alguém com ambições na escrita se aproximava com a intenção de lhe deixar um manuscrito para que o lesse e avaliasse, ele respondia: não, muito obrigado!

Custava-lhe.
Mas tinha-lhe custado mais quando, tendo acedido ao pedido, tivera de dizer, "não presta".

(Foi, contudo, o melhor conselho que me deu.)