3. Meus olhos de chuva, por Claúdia de Sousa Dias
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Annete DM (wolkbreuk)
Meus olhos de chuva
espreitam pela janela
a voragem do Inverno;
vagueiam ausentes, pelo horizonte,
em busca das memórias do passado.
Caem gotas de chuva ácidas, cáusticas
com gosto de sal e de saudade
misturam-se com a água doce da chuva
confundem-se com a paisagem desolada de Inverno...
E meus olhos de chuva
perscrutam o horizonte
pelo vidro da janela
na busca ansiosa
dos primeiros alvores da Primavera...
Busco a embriaguês
do vinho tinto da tua boca
do feitiço da tua voz de pássaro canoro
na estação dos amores.
Espero, assim, que o Inverno
da minha Alma expulses,
e a chuva dos meus olhos seques
com teus beijos de água doce
na minha pele salgada.
30/12/2002
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