novembro 03, 2005

3. Meus olhos de chuva, por Claúdia de Sousa Dias

Annete DM (wolkbreuk)



Meus olhos de chuva


espreitam pela janela

a voragem do Inverno;

vagueiam ausentes, pelo horizonte,

em busca das memórias do passado.


Caem gotas de chuva ácidas, cáusticas

com gosto de sal e de saudade

misturam-se com a água doce da chuva

confundem-se com a paisagem desolada de Inverno...


E meus olhos de chuva

perscrutam o horizonte

pelo vidro da janela

na busca ansiosa

dos primeiros alvores da Primavera...


Busco a embriaguês

do vinho tinto da tua boca

do feitiço da tua voz de pássaro canoro

na estação dos amores.


Espero, assim, que o Inverno

da minha Alma expulses,

e a chuva dos meus olhos seques

com teus beijos de água doce

na minha pele salgada.


30/12/2002