agosto 02, 2005

5. O Escritor Famoso e Helena, de Luna

Vagueava noite fora a Lua iluminava-lhe os passos. Pensava na vida que teve, que tinha e que queria ter…tantas e qual escolher, qual a certa, qual a socialmente correcta, qual a mais apaixonada, qual a menos cruel, qual ….
Deu por ela junto ao rio, àquela hora o Tejo que de dia abraçava Lisboa no seu sorriso madrugador, era agora sombrio, assustador e triste.
Na marginal ao longo do cais não se avistava vivalma. Carros parados…uns ocupados de namorados, amantes que ali se afogavam em prazer...outros abandonados a admirar o rio.
O calor da tarde dava lugar á brisa e frio da noite….sozinha olhava em seu redor…ninguém! Só ela e sombras. De quem? Interrogou-se…
Semicerrou os olhos para ver melhor….não via ninguém…seriam sombras perdidas?
Teriam vida própria? Seriam as suas? Mas, se assim fosse seria uma só.
As sombras olhavam-na expectantes para ver qual das vidas escolheria!
Sim eram as suas…tão perdidas quanto ela!
Helena encaminhou-se para o cais de embarque para seguir a sua rotina de regresso a casa.
No barco sozinha, olhou em volta, era a única passageira.
Soou o apito de partida, ao mesmo tempo que alguém entrava num salto.
Depois de respirar fundo e recuperar da corrida, sentou-se de frente para ela, aquele olhar não lhe era estranho…
- As sombras sopraram a brisa, gritavam o teu nome Helena!
Arrepiada sem perceber o que pensar, veio-lhe á memória, o baloiço!
- Sim…o baloiço oscila ao vento!

Luna
Loucura e Nata