6. O Retiro do Escritor Famoso, por Luna
O meu retiro nada tem de novo comparado com outros, é um local tranquilo onde me encontro comigo mesmo, onde tenho o silêncio, onde me viro mais para dentro do que para fora.
Valorizando mais o silêncio que o barulho. Os mil barulhos com que nos vamos habituando a preencherem o dia-a-dia.
Nesta quinta familiar, simples e modesta dos meus avós que ali nasceram e sempre viveram. Foi onde aprendi a crescer, onde brinquei com os meus primos e amigos, onde me habituei a acompanhar o meu avô na sua lide diária de vida no campo.
Tenho uma prima deficiente, que como ela costuma dizer, onde sempre fomos nós, sem rótulos nem vergonhas. Ensinados a lidar com os outros como iguais, lembro-me de andarmos a brincar ás escondidas com a Maria, a jogar à barra do lenço ela na sua cadeira de rodas, ao mata e a saltar ao eixo (aí a Maria era inevitavelmente o eixo, mas quanto nos divertíamos quando algum não conseguia ultrapassá-la e rebolávamos todos pelo chão fora).
Os serões eram passados á lareira nas noites frias, fazia-se de tudo um pouco, o cansaço pesava, mas eu ansiava pelas “histórias” do avô.
Sentado na sua poltrona e a minha avó na outra fazendo malha, lia com ele livros que me marcaram até hoje. Com ele ganhei o gosto pela leitura e escrita, acho que foi do cheiro que têm, que soltam ao serem manuseados, é um cheiro próprio, cheiro do tempo que por eles passou e passa.
O meu avô lia-me trechos que nada me diziam na altura, mas que hoje estão tão presentes e acabaram em referências para a minha identidade e formação!
A formação também a fiz nestes jardins que rodeiam a casa, no acordar e escancarar as janelas para o Mundo, que lá fora gritava por mim no seu silêncio, na sua paz que só aí sempre encontrei!
Foi aqui que me passaram todos os testemunhos e vivências para trilhar os caminhos da Vida, nem sempre fácil mas sempre para caminhar, com força e garra com que o faço.
Nos seus cheiros, nos seus recantos, no baloiço ao vento onde tive a minha primeira namorada, Helena!
É uma casa igual a tantas outras, para mim carregada de afectos, de memórias e recordações de uma infância feliz. Muitos dizem que ele, o meu retiro, é o principal responsável por ser o Escritor Famoso, para mim é responsável da minha existência como ser humano!
Luna do Loucura e Nata
Valorizando mais o silêncio que o barulho. Os mil barulhos com que nos vamos habituando a preencherem o dia-a-dia.
Nesta quinta familiar, simples e modesta dos meus avós que ali nasceram e sempre viveram. Foi onde aprendi a crescer, onde brinquei com os meus primos e amigos, onde me habituei a acompanhar o meu avô na sua lide diária de vida no campo.
Tenho uma prima deficiente, que como ela costuma dizer, onde sempre fomos nós, sem rótulos nem vergonhas. Ensinados a lidar com os outros como iguais, lembro-me de andarmos a brincar ás escondidas com a Maria, a jogar à barra do lenço ela na sua cadeira de rodas, ao mata e a saltar ao eixo (aí a Maria era inevitavelmente o eixo, mas quanto nos divertíamos quando algum não conseguia ultrapassá-la e rebolávamos todos pelo chão fora).
Os serões eram passados á lareira nas noites frias, fazia-se de tudo um pouco, o cansaço pesava, mas eu ansiava pelas “histórias” do avô.
Sentado na sua poltrona e a minha avó na outra fazendo malha, lia com ele livros que me marcaram até hoje. Com ele ganhei o gosto pela leitura e escrita, acho que foi do cheiro que têm, que soltam ao serem manuseados, é um cheiro próprio, cheiro do tempo que por eles passou e passa.
O meu avô lia-me trechos que nada me diziam na altura, mas que hoje estão tão presentes e acabaram em referências para a minha identidade e formação!
A formação também a fiz nestes jardins que rodeiam a casa, no acordar e escancarar as janelas para o Mundo, que lá fora gritava por mim no seu silêncio, na sua paz que só aí sempre encontrei!
Foi aqui que me passaram todos os testemunhos e vivências para trilhar os caminhos da Vida, nem sempre fácil mas sempre para caminhar, com força e garra com que o faço.
Nos seus cheiros, nos seus recantos, no baloiço ao vento onde tive a minha primeira namorada, Helena!
É uma casa igual a tantas outras, para mim carregada de afectos, de memórias e recordações de uma infância feliz. Muitos dizem que ele, o meu retiro, é o principal responsável por ser o Escritor Famoso, para mim é responsável da minha existência como ser humano!
Luna do Loucura e Nata
<< Home