novembro 07, 2005

31. Leio, logo vivo! - de Ivo Jeremias




Tu, ó morto,
que dormes teu sono eterno
descansando no paraíso,
ou ardendo no Inferno,

Eu escrevo para ti.

Tu, ó esquecido,
que foste abandonado,
nesse leito deixado,
sozinho e perdido,

Eu leio para ti.

Eu, o Morto,

a cada palavra proferida,
a cada letra desenhada,
a cada página volvida,
a cada história contada.

Renasço como uma Fénix.

No fim dos teus versos
uma lágrima é vertida,
escorrendo por meu rosto,
ganho então nova vida.
Revigorado completamente,
ganho forças e de repente,
Rompo desta campa,
deste estado dormente...
Sinto aquela
loucura demente,
de viver a vida intensamente,
como um "policial" frenético,
com acção e movimento,
tonificando o corpo esquelético
dando a este defunto, um novo alento.

Tu, ó morto, Eu.
Tu, ó esquecido, Eu.
Eu, o morto, Morreu.
Eu, o vivo, Renasceu.