março 31, 2006

5. Estou sim? Deus?, de Marte



[AW] - Aqui tens. É um presente meu. Sei que lhe darás bom uso.
[JMD] - Um telefone Dourado?
[AW] - Sim e o melhor é que tem uma linha directa para Deus. [Dando um gole do seu Dry Martini]
[JMD] - Uhmmm... estou a ver... Mas o que é que eu poderia ter para falar com Deus?
[AW] - Descobrirás com o tempo. Mas também não precisas de te preocupar com isso. Tens todo o tempo do Mundo. És imortal. És um Deus. És um mito. Não existe tempo para os Deuses...
[JMD] - [Risos] Tudo bem. Muito obrigado pelo presente. Tentarei dar-lhe uso.

[Deserto nos arredores de Los Angeles] [Mustang preto descapotável] [Telefone Dourado no banco do pendura]

[JMD]- Aquele gajo é mais alucinado que eu... uma linha directa para Deus... sim pois... [tentando sintonizar o rádio] Maldito rádio! [dá-lhe um murro].

[Começa a chover...] [Background music: Riders on the Storm]

- Se calhar devia telefonar para Deus e pedir-lhe que parasse com a merda da chuva... vai lixar-me os estofos do carro, para não falar do meu cabelo. Melhor, devia pedir-lhe antes umas asas para voar por cima das nuvens, por cima de todos até ao topo do Mundo. Yeeeahhh... [Pausa] mas se ele nem se quer conseguiu salvar aqueles pobres Índios Shaman... ou se quer conseguiu impedir que um corpo com 5 anos de inocência tivesse de assistir a tamanho banho de sangue, de vida a escorrer pelo alcatrão negro... Talvez pedir uma asas, seja demais.

[Dá umas passas num charro que entretanto enrolou, à primeira pausa da chuva]

- "This is the best part of the trip... this is the best part... that I really like... yeahh..." Se ele tivesse impedido aquela colisão, hoje não seria assombrado pelo Deus Fantasma que me persegue, que me alucina... não teria sobre o que escrever... não seria reconhecido...

[Pausa para uns bafos e uns goles valentes na sua Jack Daniels]

- Também para quê. Só me reconhecem pelo meu corpo, pelo meu peito bronzeado, pelas minhas calças de cabedal... pelo meu car***o e não pelo que escrevo. Todos me querem chupar... sugar-me a alma... até ao último centavo e depois roerem os meus ossos até me transformar em pó e me juntar aqueles pobres Índios... Hey DEUS????? [Grita, pegando no telefone] Estás aí? Eu sei que estás... [Pausa] Que tal planearmos um Homícidio... ou começar uma Religião... [Bebe o que resta da garrafa de seguida e atira-a para a berma da estrada] Cabrão de merda... Vai-te lixar... "I am the Lizard King... I can do anything..."

[Seus olhos fecham lentamente]
[Abre-os subitamente e vê dois faróis incidindo na sua direcção]

- MERDA! [Dá uma guinada no volante e despista-se contra uns cactos à beira da estrada batendo com a cabeça no volante]
- Ouch... Tás a olhar para onde estúpido? [Olhando para o telefone que estava ao seu lado] Já que não me ajudaste podias ao menos ligar para um reboque nos vir buscar... Aqui tens... [Atirando uma moeda contra o telefone] Isto deve chegar para pagar a chamada...

"This is the...... End. Beautiful friend..."



By: Marte P#$% da Loucura e Amor & Guerra

Cena baseada na história de James Douglas Morrison, e no seu célebre encontro com Andy Warhol que lhe ofereceu um telefone dourado, que Jim aceitou mas deu a um indigente assim que se viu na rua. Se ele tivesse ficado com o telefone talvez fosse este o resultado final...
Desculpem alguma linguagem mais "feia"... mas teve mesmo de ser. Usei também algumas frases/versos célebres de Jim.