17. Mestre, que p.. de vida, por Francisco del Mundo
Mestre, certas pessoas tem toda a legitimidade para dizer "Que puta de vida!"... Walter Herrman é uma delas! Este homem, com um H muito grande, tem 25 anos e é um basquetebolista argentino. É um atleta tremendo que tem provado a vitória na derrota e a derrota na vitória. Mas contemos a sua estória...Em Julho de 2003, estava ele em La Plata no estágio quando, ao ligar para casa, descobriu que a sua namorada tinha perdido a vida num acidente. Para quem já passou por isto, sabe que a dor (e impotência) é tão grande que se amaldiçoa a vida. Transtornado, virou a sua fúria para o quarto do hotel. Voou para a capital num avião fretado, e descobre que no mesmo acidente tinham morrido também a sua irmã e a sua mãe. A notícia foi tal que Herrman ficou anestesiado, fora da realidade.O povo argentino, dado a exaltações desportivas, acarinhou e apoiou o jogador de forma a ele reagir. Num gesto de transcendência voltou à sua equipa em Espanha e foi eleito como jogador mais valioso (MVP) da liga. Na temporada seguinte trocou de equipa mas continuou a jogar a grande nível. Exactamente um ano depois da tragédia, quis o destino que jogasse a final dos Campeonatos Sul-Americanos contra o Brasil. Herrman jogou e brilhou (sendo mais uma vez MVP), 365 dias «...após a morte das três mulheres mais importantes da minha vida.». A glória chegado...Sabes, mestre, gostava que a história acabasse aqui! Mas não... Depois do jogo, já no hotel, Herrman recebeu a notícia que o seu pai tinha sofrido um ataque cardíaco, um ano depois da morte na mulher e da filha. Foi um novo teste para Herrman, que o superou ganhando a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Atenas. Que ironia, mestre... Depois de um ano digno de uma tragédia grega, ele bem que merece um momento no Olimpo! E tenho a certeza que, comum sorriso nos lábios e uma lágrima nos olhos, Herrman exclamou: "Que puta de vida!"...
Assim vai o mundo...
Francisco del Mundo
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